Rafael Mottola Rocha
Consultor de empresas e palestrante
O maior fator desencadeante das conquistas e dos avanços tecnológicos da sociedade moderna é forma como nos relacionamos hoje. E a forma como nos relacionamos hoje é resultado da organização das empresas e da sociedade que vem propiciando os estímulos necessários para que os talentos e habilidades de cada indivíduo em maior ou menor grau se potencializem. Desde crianças, em casa. Na escola e por fim no trabalho e na vida em sociedade. Desde a 2ª revolução industrial, estamos vivendo uma outra grande revolução. Ela é contínua e cíclica na medida em que nos levará ao domínio de questões profundas como nossa origem, nossa capacidade de nos reinventar e de nos aproximar de questões centrais realizadoras de ações necessárias a sermos mais felizes. A organização do trabalho é uma das maiores fontes e causa principal desta nova dinâmica na medida em que permitiu, através de ferramentas, métodos, conceitos e princípios estabelecer as bases de uma teoria da administração moderna. Isto transcende a organização política particular de cada país ou mesmo a cada região de uma mesma nação. O modo como nos relacionamos tem tido impacto direto nas últimas grandes conquistas da humanidade, desde invenções, tecnologias de transporte, comunicação através de tecnologia móvel, acesso a grandes volumes de informação em menor tempo e isto não para: as redes sociais são rotina para jovens e adultos; empresas investem recursos em crowdsourcing; marcas tornam-se objeto de veneração pelo grau de inovação e interatividade que propiciam aos mesmos usuários das redes sociais ou ferramentas avançadas de P&D. Mudanças são e serão cada vez mais intensas devido a tais fatores. E o trabalho é a forma pela qual o mundo mais solidamente compartilha idéias, produz resultados, sejam tangíveis ou intangíveis, torna-se crítico e busca justiça e felicidade. É cada vez mais através do trabalho que as pessoas buscam sua satisfação, seu auto-conhecimento, buscam tornarem-se aceitas, modificar hábitos ou serem agentes de mudança no ambiente em que se encontram. Imaginemos um time de futebol, por exemplo. Que outros resultados poderiam ser almejados além das conquistas de campeonatos e copas, reconhecimentos e títulos? Mas a organização do trabalho e padrões de excelência internacionais permitiram a muitos clubes ao redor do globo ver muito mais do que tão somente ganhar campeonatos e acumular troféus: viram a possibilidade de ter rentabilidade e se capitalizar através da locação de espaços, através de patrocínios, em novos estádios com captação de energia solar e aproveitamento da água da chuva, na satisfação de torcedores e de potenciais torcedores, na satisfação dos próprios colaboradores. Enfim, uma sociedade mais justa e mais feliz, plenificada em suas necessidades e desejos (não somente materiais) passa obrigatoriamente pela satisfação no trabalho e pela satisfação a partir da obtenção de produtos e serviços de boa ou de excelente qualidade, e que sejam sustentáveis. A satisfação no trabalho, por sua vez, precisa ser avaliada através dos tempos em relação a complexos processos de geração de necessidades e expectativas. No século XX, crises e guerras sucederam-se, inovações tecnológicas idem: automóvel, geladeira, fogão a gás, televisão, vídeo cassete, micro-ondas, casas grandes e decoradas, viagens, televisão a cores, computadores, CD, DVD, telefone celular, i-pod, i-pad e tantas outras coisas que fazem com que a humanidade acorra às mesmas na ânsia de completar algo que lhes falta: a própria ânsia de se transformar. Este singelo diagnóstico é um lembrete de que estamos sim melhorando enquanto sociedade, resultado da forma como nos relacionamos hoje. Que mantenhamo-nos críticos o necessário para fazer destas mudanças a alavanca para um mundo melhor, mais justo e mais feliz para nossos filhos.
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