Paulo Cesar Uberti Pereira
Consultor de empresas e palestrante
O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Atualmente estamos perdendo a referência de posse. A cada dia que passa, contraditoriamente, executivos buscam tudo e na maioria das vezes percebem que não tem nada. Pela atividade atual que exerço, tenho o privilégio de conviver com executivos de diversas áreas e tenho observado algo que vem se repetindo constantemente. Ao ingressarem em uma empresa, normalmente uma grande multinacional, lhes são oferecidos diversos benefícios, todos merecidos, até mesmo pelo alto cargo e nível de estresse a que os mesmos estarão sujeitos. Entre os benefícios oferecidos, os mais corriqueiros são: aluguéis de apartamentos ou casas em condomínios fechados bem situados, carros importados, telefones com livre acesso e sem limite de consumo, auxílio combustível bem acima do que normalmente gastariam em sua rotina normal. Aí cabe-nos um parênteses: já presenciei presidente de multinacional residindo a dois quarteirões da empresa entregando notas de gasolina com valores extraordinários, para reembolso, o que nos leva a crer que realmente ninguém quer perder nada. Alguns executivos fecham contratos com plano de saúde para toda a família, mas toda mesmo, incluindo pai, mãe, sogra, sogro, etc. Outros há ainda que pedem passagens de avião para visitas semanais à família, sem contar os salários extras, décimo quarto, décimo quinto e as remunerações por atingimento de metas. Tudo isto pode estar absolutamente correto, e alinhado com a lei da “oferta e da procura”. A única preocupação é “...e quando eu sair da empresa?” Ok!! SE você estiver preparado, se tiver empregabilidade, tudo certo, arruma outro emprego, negociam-se mais alguns benefícios, perde um pouco aqui, ganha ali, e tudo bem, vamos tocando a vida. Porém, é preciso pensar que mesmo que você procure estar bem atualizado, estar sempre buscando a empregabilidade, um dia você terá que parar. Dia destes encontrei um ex-colega, diretor de uma multinacional há muito tempo, e me contou que havia perdido o emprego naquela semana, lamentamos juntos, conversamos algumas coisas. Na saída, desejei boa sorte e lembrei de pedir seu telefone. Supreso, ouvi “não tenho mais, tive que entregar o telefone ontem. O carro e o apartamento também.” Acredito que todos estes benefícios são de extrema importância e devem servir sempre para valorizar o bom executivo, aquele profissional que se prepara para exercer altos cargos e dar a lucratividade almejada pela empresa, porém, será que estes profissionais estão psicologicamente preparados para ficar sem nada de uma hora para outra? Aconselho a estes colegas que não se desfaçam de suas coisas e/ou adquiram, mesmo que em duplicidade os bens que lhes forem emprestados, pois um dia poderão acordar pela manhã e perguntar: “Onde estão as minhas coisas?” Paulo César Uberti Pereira (Santa Maria, Setembro de 2011). |